terça-feira, 6 de setembro de 2011
Saudades...
Preservar para que?
Nos últimos dias a questão da preservação ou não preservação do patrimônio histórico remanescente voltou à tona
Infelizmente o Brasil anda na retaguarda do desenvolvimento sustentável e preservação do patrimônio. Enquanto a Europa reconstrói com extremo esforço, demolindo monstrengos construídos sobre palácios para restaurar o antigo esplendor e investindo bilhões de euros na busca de seu patrimônio destruído em guerras, o Brasil, nunca atingido por nenhum conflito conseguiu destruir praticamente tudo em nome do tão falado progresso. Uma pergunta que me vem a mente é: que progresso é esse que destrói o passado sem remorso? Que futuro nos espera se quase nada nos resta que conte a história das nossas cidades?
Infelizmente Santo Ângelo preservou pouco, muito pouco. Temos pouquíssimos remanescentes do nosso passado, muitos dos quais bastante danificados por reformas que quase em sua totalidade apenas deformam e agridem o visual. Já escutei de pessoas próximas que ficaram decepcionadas com o que viram
Falta cultura e conscientização. A cultura da preservação, da valorização do bem histórico e, sim do orgulho em possuir um imóvel que conta a história de toda uma região. Falta também a mudança de mentalidade que o velho é ruim e o novo é bom. Na Europa nada mais arrojado do que ter seu escritório ou empresa em um prédio histórico perfeitamente preservado.
Minha tristeza é grande, pois desde pequeno vi Santo Ângelo se destruindo, se anulando historicamente. Poderia citar dezenas de demolições que me deixaram profundamente tristes, muitas dos quais para dar lugar a terrenos vazios, ou estacionamentos.
Vou ainda além, além de preservar as autoridades competentes e a sociedade civil deveria se engajar na restauração dos imóveis históricos, recuperando suas características originais e se possível ainda, reconstruir o que foi perdido e cujo lote encontra-se vago.
Temos também a questão dos donos de imóveis, muitos contrários à preservação. Estes devem receber incentivos para restaurar seus imóveis, isenção total de impostos para os que preservarem as características originais e alternativas de compensação financeira pelas eventuais perdas ou desvalorização do lote. É possível preservar e lucrar muito com isso, creio que várias casas no entorno da Catedral poderiam virar museus ao céu aberto com janelas de visualização dos remanescentes jesuíticos e sim, cobrar pela visitação. Temos uma história riquíssima que não pode se perder de maneira tão leviana, e temos um potencial não explorado imenso, aguardando muitas vezes sob o solo ser descoberto.
Espero que não seja apenas mais uma demolição, pois cada casarão demolido, cada casa desfigurada é um pedaço da minha e da história de todos os santo-angelenses que desaparece.
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Fernando Schubert
Cientista da Computação
P.S. Desculpem os erros de português, concordância etc. Escrevi este texto em 20 minutos devido à indignação e necessidade de fazer algo de útil por nossa amada, linda mas muitas vezes maltratada cidade.